Em caminho - Sintra num dia...

A minha sugestão para que num dia apenas consigam descobrir os encantos desta Vila que muita história e mistério tem...

A par de cidades como Lisboa e Porto, Sintra é um local de afluência de muitos turistas, principalmente estrangeiros. Fui lá em criança, com a escola e mais tarde com a minha irmã mas apenas visitar um monumento. Há muito que tencionava voltar, e percorrer todos aqueles palácios, quintas e parques. E lá fui! Ainda deu para descobrir que apenas num dia se consegue ver muita coisa…


Sintra num dia… ao início parecia que não dava, era uma lista enorme de coisas a ver e a fazer, mas tenho hoje a prova de que dá. Vou deixar-vos a minha sugestão para que num dia apenas consigam descobrir os encantos desta Vila que muita história e mistério tem.

Para quem tem mais dias disponíveis, sugiro que os aproveite ali também, podendo mesmo ir de comboio a partir de Lisboa, da linda estação do Rossio, caminhar da estação de Sintra até ao centro da Vila e percorrer toda aquela serra a pé, ou quiçá, recorrendo às famosas “tuk tuk”. Mas para quem tem apenas um dia, a minha sugestão é mesmo o carro próprio, tendo em atenção as dificuldades do estacionamento na Vila e nos locais a visitar. Pode optar por deixar o carro fora do centro e andar de transportes, ou ir bem cedo para que o estacionamento não seja problema.

 

Vista geral da Vila de Sintra

Vista geral da Vila de Sintra

Eu desta vez, por questões logísticas e de timming, optei por andar refém do automóvel, apesar de não ser a minha filosofia, mas pretendia aproveitar ao máximo o dia.

Cheguei bem cedo e dirigi-me de imediato para o Palácio da Pena, o “cartão postal” da Serra de Sintra. Optei por estacionar logo no primeiro espaço que vi, junto à Entrada dos Lagos e entrar no parque adjacente ao palácio por essa entrada. Vale a pena, mais à frente já percebem o porquê.

Vista do Palácio da Pena da Entrada dos Lagos

Vista do Palácio da Pena da Entrada dos Lagos

As entradas nos locais em Sintra são basicamente todas pagas. Uma coisa que não fiz, mas soube depois ser possível e aconselho que façam, é comprar logo a entrada combinada para o Palácio da Pena e Castelo dos Mouros. Na Pena temos duas opções. Apenas o parque ou o parque + palácio. Optem pela segunda, vale por cada cêntimos dos 14 euros (13 se entrarem entre as 9.30h e as 10.30h).

O Parque da Pena tem um ambiente natural de rara beleza e importância botânica e científica, notável como projeto paisagístico de transformação de uma serra, à data escalvada num arboreto integrando diversos jardins históricos. Ocupa cerca de oitenta e cinco hectares que beneficiam de especiais condições ecológicas e climáticas.

A Entrada dos Lagos permite começar por visitar o parque e ir subindo. Suba em direção à Cruz Alta, de onde pode ter a vista mais surpreendente do Palácio da Pena e, se não tiver nevoeiro, do mar. É o local mais alto. Desta vez a zona do Chalet da Condessa d’Ella estava vedada para obras, mas como o tempo não era muito, não foi um problema. Consegue-se esgotar umas duas horas apenas no Parque da Pena e, após isso ir então aos terraços do palácio e, por fim, entrar no palácio.

Se a beleza exterior do palácio é algo único, com aquelas cores e arquitetura, o interior é também espetacular. Exponente máximo do Romantismo do séc. XIX em Portugal, juntamente com o parque, constituem o mais importante polo de paisagem cultural da Vila de Sintra – Património Mundial da UNESCO desde 1995. Foi casa de Dona Maria II, D. Fernando II, da Condessa d’Ella e os seus últimos residentes foram D. Carlos I e Dona Amélia, bem como D. Manuel II, tendo sido habitado até 1910.

Palácio da Pena

Palácio da Pena

Sou um fascinado pela história de Portugal e estar ali dentro, com a sorte de ouvir a explicação de um guia, e imaginar o funcionamento de todas aquelas salas e salões é algo que vale o tempo que ali se passa. Já tinham casas de banho nalguns quartos, muito modernas para a época, uma delas com um chuveiro até, ainda que muito primitivo. Toda a decoração era pensada ao detalhe e feita com os materiais mais nobres. Aquando da sua conversão de mosteiro para palácio, cada espaço foi aproveitado e transformado. As celas dos monges transformadas em quartos, outras em salas de estar, outras em quartos de vestir. Interessante ver que Dona Amélia, por exemplo, tinha um quarto com umas quantas divisões, cada uma com o seu propósito.

Sala de Jantar

Sala de Jantar

Sair do palácio, aproveitar o sol na esplanada num dos terraços do mesmo e depois, o meu conselho é sair do parque pela entrada principal. Na volta para o carro encontra o Castelo dos Mouros, o segundo sítio a visitar. Após alguns metros por um caminho até à entrada do Castelo é possível ter uma vista para parte da Vila, bem como ver vestígios do Bairro medieval Islâmico e da Necrópole medieval Cristã, instalada sobre este.

Com vista privilegiada sobre a Costa Atlântica, as várzeas e a serra de Sintra, o Castelo dos Mouros ocupa uma posição estratégica fundamental na defesa do território local e dos acessos marítimos à cidade de Lisboa.

Dentro do Castelo dos Mouros, o ideal é dar uma volta pelas muralhas, ainda que o vento seja uma constante, e ver toda a Vila, o Palácio da Pena mais acima, a Quinta da Regaleira, Ericeira, Praia das Maçãs, Cabo da Roca, Mafra, as Berlengas (com sorte) e muitos outros locais marcantes e que vão ser visitados de seguida.

A entrada no Castelo tem um custo de 8 euros.

Castelo dos Mouros

Castelo dos Mouros

Ao terminar a visita ao Castelo temos uma manhã praticamente preenchida. O melhor é descer à Vila e ir à procura do almoço. No caso de, como eu, irem de carro, não procurem estacionar no centro. Mais vale andar a pé até este. É um passeio agradável antes do almoço.


Para almoçar, mesmo no centro existe muita opção. Muitos restaurantes são moldados para o turista. Eu optei por almoçar num mais pacato, mas mesmo assim cheio, onde se pode fazer uma viagem pela comida típica portuguesa e não pagar como um turista. Consegue-se almoçar por uma média de 12 euros. Escolhi a Adega das Caves. Os escalopes de vitela são muito bons! Fica perto do Palácio Nacional de Sintra.

Palácio Nacional de Sintra

Palácio Nacional de Sintra

Depois do almoço sugiro que deixem o carro parado onde está e caminhem até à Quinta da Regaleira. São no máximo dez minutos sem subidas nem descidas. Apenas se sobe entre a saída e a entrada da quinta. O caminho está bem sinalizado (como tudo em Sintra aliás). Mas antes de entrar, já que se está ali, o melhor mesmo é andar mais um pouco e ir ao Palácio de Setais. Este palácio de arquitetura neoclássica, que tem aberto ao público em geral os seus jardins e miradouro, é hoje um hotel de luxo do grupo Tivoli, mas, devido à sua história e importância, mantém os seus portões abertos para que quem quiser possa visitar o seu arco, miradouro e jardim frontal. Dali se podem ver o Castelo dos Mouros, Palácio da Pena e o mar. Dizem ter o melhor por do sol de Sintra, infelizmente não pude estar ali em tempo de o confirmar, mas ainda ouvi umas histórias em italiano contadas por um guia turístico que ali se encontrava.

A título de curiosidade, uma noite neste hotel pode ir de 430 euros a 4000 euros e só não tem seis estrelas porque tem esta parte aberta ao público… O nome, esse, há quem diga que tem a ver com o eco, que ao gritar “ai”, se ouve sete vezes o eco, mas também ouvi dizer que vem de uma Moura que fugiu para ali com o seu amor e ali foi por este deflorada, gritando sete “ais”.

Palácio de Setais

Palácio de Setais

Seguindo caminho, é tempo de voltar à entrada da Quinta da Regaleira e entrar. A entrada tem um custo de 6 euros.

Constitui um dos mais surpreendentes e enigmáticos monumentos da Paisagem Cultural de Sintra. Situa-se no elegante percurso que ligava o Paço Real ao Palácio e Campo de Setais, dentro dos limites do centro histórico. Entre 1898 e 1912 Carvalho Monteiro transformou-a no seu lugar de eleição, conferindo-lhe as características atuais. Residência de veraneio da família Carvalho Monteiro, foi concebida em estilo neomanuelino. A exuberância decorativa envolveu artistas de grande mérito.

Tinha muita curiosidade em visitar a Regaleira e saí de lá com as expectativas muito superadas. Comece pela subida exterior até ao local de entrada do Poço Iniciático, desça por este até ao fim e saia por um dos túneis do Percurso Subterrâneo, saindo no Largo da Cascata e voltando a entrar para sair na Gruta do Oriente. Visite depois a Fonte da Regaleira, a Gruta do Labirinto, Fonte do Balneário, a Álea dos Deuses, a Capela e o seu túnel, a Gruta da Leda, a Torre da Regaleira, suba até ao Portal dos Guardiões e por fim o Palácio da Regaleira. Este também muito surpreendente, tal como toda a quinta, mas que me deixou a querer mais, pois só estão abertos o piso zero e um. Os inferiores dá para ver pelas janelas, mas os superiores estão em restauro, ao que parece há uns valentes anos…

Andar pela quinta e ver todos os detalhes tanto decorativos como arquitetónicos e mesmo todos os símbolos e ligações a místicas que, numa primeira análise, me remetem para a Maçonaria, deixa a ideia de como seria nos tempos em que ali se vivia tranquilamente, sem turistas nem pessoas de fora a passear… deixou-me com vontade de voltar com mais tempo e optar por uma visita guiada. Faça-o se tiver mais do que um dia para conhecer Sintra.

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Vista do interior para o exterior do Poço Iniciático da Quinta da Regaleira” width=”1200″ height=”803″ /> Vista do interior para o exterior do Poço Iniciático da Quinta da Regaleira

Enquanto representação do cosmos, o jardim é aqui revelado pela sucessão de lugares imbuídos de magia e mistério. A demanda do paraíso é materializada em coexistência com um mundus inferus – um dantesco mundo subterrâneo – ao qual o neófito seria conduzido pelo fio de Ariadne da iniciação. Concretiza-se entre os vários cenários a representação de uma viagem iniciática, qual vera peregrinatio mundi, por um jardim simbólico onde podemos sentir a Harmonia das Esferas e perscrutar o alinhamento de uma ascese de consciência, em analogia com a demanda do Ser que ressalta das grandes epopeias. Nestes domínios vislumbram-se referências à Mitologia, ao Olimpo, a Virgílio, a Dante, a Milton, a Camões, à missão templária da Ordem de Cristo, a grandes místicos e taumaturgos, aos enigmas da Arte Real, à Magna Obra Alquímica. Esta sinfonia de pedra – cinzelada pelas mãos de construtores de Templos imbuídos num verdadeiro espírito de Tradição – revela a dimensão poética e profética de uma Mansão Filosofal Lusa.

Quinta da Regaleira

Quinta da Regaleira

Ao sair da Quinta da Regaleira, vim com a vontade de ter vivido naquela época, de artistas e poetas, de místicas e simbologias… Nada melhor para voltar ao real do que ir novamente ao centro histórico da Vila de Sintra e fazer a paragem obrigatória na Piriquita. Uma pastelaria típica, bastante conhecida, onde são confeccionados os tradicionais Travesseiros de Sintra, entre outras iguarias. Vale a pena o tempo de espera para depois nos deliciarmos com tais maravilhas gastronómicas conventuais. Este ponto de paragem é obrigatório, é como um culto…

Pastelaria Piriquita

Pastelaria Piriquita

Com isto estamos a entrar na segunda metade da tarde e o Palácio Nacional de Sintra, embora ali mesmo ao lado, fica de fora na lista de locais a visitar num só dia. Por uma simples razão: já o tinha visitado duas vezes e o objetivo era ir conhecer sítios onde nunca tinha estado. Mas acredito que com menos tempo no Parque da Pena e na Quinta da Regaleira, se consiga visitar o Palácio Nacional de Sintra e todos os outros locais. Fica a ideia para tentarem.


Da Piriquita voltei a pegar no carro, após mais uma incursão pelas estreitas ruas do centro histórico e conduzi até ao Parque e Palácio de Monserrate, que ficam a meia dúzia de quilómetros do centro, pela mesma estrada que leva à Regaleira.

Já tinha visto imagens deste Palácio, mas estava longe de imaginar a sua beleza e a envolvente botânica do mesmo. Foi mais uma agradável surpresa deste dia.

A entrada tem um custo de 10 euros e permite visitar o Parque e o Palácio. O final de tarde a meu ver foi uma boa opção para a visita. A luz característica dessa altura do dia deu-lhe um ar mais bucólico e tornou o largo passeio bastante agradável. Como que uma viagem à volta do mundo, dada a variedade de espécies vegetais ali presentes.

Parque e Palácio de Monserrate

Parque e Palácio de Monserrate

O Parque de Monserrate é mais uma das belas criações paisagísticas do Romantismo realizada por Sir Francis Cook. Esta antiga propriedade rural de 33 hectares alberga uma notável coleção botânica com espécies de todo o mundo, plantadas por zonas de origem, compondo cenários contrastantes ao longo de caminhos sinuosos, por entre ruínas, recantos, lagos e cascatas.

Um circuito quase circular, com passagem pelo palácio e visita ao interior deste, leva-nos a rodear a parte central do parque – um relvado íngreme, enorme, onde apetece sentar e apreciar o pôr-do-sol ou mesmo ler um livro. Tivesse eu mais tempo e não pensava duas vezes. Pântanos, jardins do México, do Japão, Cromeleque e flores exóticas que eu nunca tinha visto fazem parte do roteiro. Uma capela em ruínas, que se confunde com a própria vegetação, envolta em árvores-da-borracha australianas, mas que nos convida a entrar e ali a fazer silêncio, em pela harmonia com a Natureza.

Lagos ornamentais

Lagos ornamentais

O Palácio de Monserrate foi construído em 1856, sob projecto do arquitecto inglês James T. Knowles, para residência de verão da família Cook. Tendo como base as ruínas da mansão neogótica edificada por Gerard de Visme no séc. XVIII, é um testemunho ímpar do espírito eclético de Oitocentos.

Palácio de Monserrate

Palácio de Monserrate

A entrada fascina logo, os mármores e toda a decoração de cada uma das salas. O extenso corredor que é uma galeria de ligação das três torres do palácio, repleto de colunas, a Sala de Música com uma acústica fenomenal e uma cúpula em estuque bastante interessante, a escadaria de mármore para o piso superior, a biblioteca, os painéis indianos de alabastro, as floreiras com azulejos hispano-árabes e muitos outros motivos como as cozinhas no piso inferior, deixaram-me fascinado com este palácio. Apenas a Capela interior se encontrava em restauro e vedada ao público, mas mesmo assim deu para espreitar.

Galeria do Palácio de Monserrate

Galeria do Palácio de Monserrate


Estava terminada a visita, o sol a ameaçar pôr-se no horizonte e o dia em Sintra passado. Não fosse o avançar da hora e ainda podia ter ido ao Palácio Nacional de Sintra. A última entrada é às 18.30h e estava muito em cima. Mas este também não estava no plano inicial, como já referido.

O que estava, apenas se houvesse tempo, era o Convento do Capuchos, no caminho de volta, mas também a última entrada já estava ultrapassada. Ficou mesmo por aqui esta visita a Sintra, mas com a sensação de “missão cumprida”. Um dia pode parecer curto, mas deu para ver estes locais com a devida calma e atenção.

A minha sugestão para a volta é seguir a estrada que levou a Monserrate, mas ao invés de voltar para Sintra, tomar a direção a Cascais/Convento dos Capuchos e aproveitar para tentar ainda vislumbrar o pôr-do-sol no mar visto do Cabo da Roca. Eu, por ter outros compromissos com hora marcada, não o pude fazer, mas da próxima farei certamente.

Também se preferir ficar mais um dia ou apenas só a noite em Sintra, quanto ao alojamento, certamente encontrará algo à sua medida, nomeadamente Hostels (grandes ou mais acolhedores, baratos, modernos, guest houses, hotéis, entre outras tipologias de alojamento).

Alguns aspectos finais

  • Os preços de entrada em todos os locais são um pouco elevados, possivelmente estão pensados para o “turista típico” que visita Sintra, mas aproveitando bem as visitas vale a pena o valor da entrada.
  • Sempre que possa opte pelas visitas guiadas ou ajudas áudio disponíveis.
  • Os Parques de Sintra e Monte da Lua disponibilizam uma APP mobile que pode instalar e que ajuda nas visitas e tem roteiros interessantes. Pode ser descarregada com recurso ao código QR disponível em todos os panfletos ou no site parquesdesintra.pt

Espero que tenha desperto no leitor a vontade de ir até Sintra e, mesmo que só disponha de um dia, siga as minhas sugestões e aproveite tanto ou mais do que eu aproveitei esta terra Património Mundial da UNESCO e que tanto tem para oferecer.

Bom caminho…

Ficam algumas fotografias para ilustrar Sintra

 Em Caminho

 

Artigo originalmente publicado no meu antigo blog – Em Caminho

“O principal objectivo deste blogue é, para já, o de despertar nos leitores e seguidores a curiosidade de serem turistas no seu país, na sua cidade. Espero conseguir pelo menos dar o incentivo, bem como algumas dicas interessantes, mas espero também receber muito. Receber ideias, sugestões, críticas, convites, etc.

Vou escrever sobre caminhos já feitos, sobre caminhos que tenciono fazer, sobre caminhos que gostava de fazer, sobre caminhos que podem ser feitos por outras pessoas. Vou escrever, sem data e hora marcadas sobre o que tiver a ver com os meus caminhos, as minhas viagens e incursões por este Portugal maravilhoso e, quiçá, por esse mundo fora.
Mas viajo assim tanto?
Não, claro que não. Infelizmente não tenho dinheiro para viajar sempre que me apetece, apesar de conseguir viajar com pouco como já tive oportunidade de fazer. Mas sempre que der para sair do sofá e ir por aí, vou tentar antes ou depois escrever por aqui.

A ideia é mesmo dar ideias para programas e locais a visitar, sempre numa óptica de turismo não convencional. De mochila às costas, ou mesmo à boleia. Dar a minha opinião e sugestão e deixar que o leitor descubra por si, pois cada local pode ter várias abordagens e despertar diferentes sensações a cada pessoa que o aborda”.

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