Em Caminho - Entre a terra e o céu, uma infinidade de belezas naturais

No meio de toda aquela imensidão, senti-me apenas um ponto num universo muito maior do que julgamos que é.

“O Alentejo e a Astrofotografia”

Se me perguntassem em tempos se era possível ter uma experiência deste tipo em Portugal, a minha resposta seria certamente que não. Pois bem, 2016 foi o ano do desengano, da descoberta de uma nova paixão, a Astrofotografia. Juntá-la a outra paixão – o Alentejo, foi a “cereja no topo do bolo”.


Sem grande planeamento e sem muito esforço, após o convite de um amigo para ir com ele a um workshop de astrofotografia, pensando: Serei eu capaz de fazer isto? Efetuei umas pesquisas, segui uns blogues e umas páginas no facebook e descobri, ainda antes de partir, que em Portugal temos um local classificado como tendo o melhor céu da Europa para fotografar e observar estrelas. Esse local chama-se OLA – Observatório Lago Alqueva e fica junto à Vila Medieval de Monsaraz, numas das margens do imenso lago artificial resultante da Barragem do Alqueva.

Uma viagem que se faz em poucas horas, quer se parta, como eu, do centro do país, mais propriamente de Santarém, ou mesmo vindo de Lisboa ou de outra zona central. Sair cedo para aproveitar o dia ao máximo, aproveitar para parar em Reguengos de Monsaraz, almoçar num restaurante típico com boa comida alentejana e rumar a Monsaraz, fazendo uma visita a esta Vila Medieval muito simpática e acolhedora. Deixar o carro no exterior da vila e percorrer as suas ruas e ruelas a pé, refrescar do calor (se formos no Verão) num dos cafés da vila e, para os mais calorentos, refrescar o corpo nas águas da albufeira da barragem, a poucos quilómetros dali.

Vila Medieval de Monsaraz

Vila Medieval de Monsaraz

Depois da refrescante tarefa, é hora de visitar o Observatório. Podem ver no site as diversas atividades que desenvolvem e optar por ir numa data que coincida, assim a viagem ganha outro objectivo e virão com a “bagagem” ainda mais cheia.

Eu escolhi o dia de um workshop de Astrofotografia do conceituado astrofotografo português Miguel Claro. Uma tarde que se inicia com a parte teórica e que termina noite dentro com a aplicação no terreno dos conceitos recebidos em sala de aula. Não podia ter feito melhor escolha. A visita ao observatório foi o início da interação com o espaço e com a simpática equipa que o dinamiza. É um excelente trabalho o que ali é desenvolvido e, apesar de ser algo muito recente, é um local que recomendo a todos os que têm alguma curiosidade em conhecer melhor o universo “por cima das nossas cabeças”.

mas vamos lá falar de astrofotografia!

Apenas tinha algumas luzes, pelo que li nos dias anteriores, do que se iria falar ali, mas rapidamente me apaixonei pelo tema e pela possibilidade incrível de fotografar o céu estrelado num local como este. Fiquei cheio de vontade de aplicar a teoria no terreno, mas para isso teria de esperar pela noite.

Mais uma visita à Vila Medieval e um belo jantar num restaurante que outrora foi um lagar de azeite, mas que hoje é uma casa museu restaurante onde tudo está pensado ao mais ínfimo pormenor, foi, finalmente, hora de ir para o terreno adjacente ao edifício do observatório para a tão esperada sessão de fotografia à Via Láctea e às estrelas. Antes tivemos espaço para observar a lua e outros corpos celestes através dos telescópios do observatório, instalados nas plataformas de observação e ouvir as explicações do staff.

Via Láctea

Via Láctea

Pareceram poucas as horas que estive ali, com um grupo de pessoas e as estrelas como teto, sem pensar em mais nada e “de boca aberta” com tanta beleza. As fotos foram surgindo, com as dicas do Miguel e dos restantes colegas de workshop e mesmo de outros que se juntaram a nós apenas à noite para a parte prática da sessão. Sim, é possível ir ao observatório apenas para observar estrelas, constelações, satélites, planetas e tudo o que o universo nos pode mostrar, bem como apenas fotografar. Basta marcar e ir.

No meio de toda aquela imensidão, senti-me apenas um ponto num universo muito maior do que julgamos que é. Senti-me pequeno e insignificante e pensei… vou querer fazer isto muitas mais vezes. Vou querer mostrar a toda a gente esta beleza.

A viagem de regresso nem custou nada, apesar do calor do verão e da hora adiantada. Vínhamos cheios pelo que aprendemos e pudemos ver ali. Uma imensidão que julgava não ser possível ver, a olho nú, no nosso país…

Aquele local estratégico foi mesmo pensado para isto. Até o posicionamento das plataformas de observação está pensado geográficamente para que o cenário seja o melhor. O nosso Portugal realmente cada vez me surpreende mais.

Via Láctea

Via Láctea

Mas mesmo ali em redor, outros espaços de livre acesso são óptimos para este tipo de atividade – a astrofotografia. Bem perto temos o Cromeleque do Xerez que nos proporciona um belo cenário, mas também outras zonas que podem descobrir fácilmente.

Outras zonas do Alentejo também são muito boas para a astrofotografia. Experimentem na lua nova, numa zona com poluição luminosa muito baixa (podem usar softwares que vos ajudam a identificar as mesmas), longe de grandes centros urbanos e de povoações. Mas noutras zonas do país também é possível. Basta seguir umas quantas páginas de quem se dedica a isto para ver que na zona costeira, um pouco por todo o país, surgem imagens fantásticas. Mesmo no “meu” Ribatejo existem locais com boas características. Um dos que já visitei foi a zona envolvente ao Castelo de Almourol, mas existem outras que quero visitar e que possivelmente vos falarei aqui noutras ocasiões.

Star Trail da Estrela Polar - Almourol

Star Trail da Estrela Polar – Almourol

Por fim, deixo a promessa de que continuarei a tentar realizar fotografias deste género e que irei atualizando por aqui. É um caminho que não tem o seu final aqui. isto é apenas um começo, pelo que se pode considerar um artigo em construção.

Eu a observar a Via Láctea

Eu a observar a Via Láctea

 

 Em Caminho

 

Artigo originalmente publicado no meu antigo blog – Em Caminho

“O principal objectivo deste blogue é, para já, o de despertar nos leitores e seguidores a curiosidade de serem turistas no seu país, na sua cidade. Espero conseguir pelo menos dar o incentivo, bem como algumas dicas interessantes, mas espero também receber muito. Receber ideias, sugestões, críticas, convites, etc.

Vou escrever sobre caminhos já feitos, sobre caminhos que tenciono fazer, sobre caminhos que gostava de fazer, sobre caminhos que podem ser feitos por outras pessoas. Vou escrever, sem data e hora marcadas sobre o que tiver a ver com os meus caminhos, as minhas viagens e incursões por este Portugal maravilhoso e, quiçá, por esse mundo fora.
Mas viajo assim tanto?
Não, claro que não. Infelizmente não tenho dinheiro para viajar sempre que me apetece, apesar de conseguir viajar com pouco como já tive oportunidade de fazer. Mas sempre que der para sair do sofá e ir por aí, vou tentar antes ou depois escrever por aqui.

A ideia é mesmo dar ideias para programas e locais a visitar, sempre numa óptica de turismo não convencional. De mochila às costas, ou mesmo à boleia. Dar a minha opinião e sugestão e deixar que o leitor descubra por si, pois cada local pode ter várias abordagens e despertar diferentes sensações a cada pessoa que o aborda”.

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